A Cor dos Quadros Brancos

E quando eu penso
Que o mundo me venceu
E que minha cara amarga
Não aguenta mais o espelho
E quando eu choro
Por raros momentos incessantes
E com minhas mãos eu perco
Cada instante num instante

Não são os quadros que estão mal pintados
Não são as arvores que perderam a cor
Não é a chuva que não desperta mais o cheiro
Não é o céu que está menos azul
São os meus olhos
Que não enxergam mais
Como antes

Há tantas formas de se ver o vazio
Há tantos motivos para não esperar o amanhã
E quando eu penso
Que o amanhã não se cala
E que o passado não se apaga
O rosto se enrubece
E minhas mãos sentem os espinhos

Não são os quadros que estão mal pintados
Não são as arvores que perderam a cor
Não é a chuva que se faz tão gelada
Não é o céu que está tão nublado
São os meus olhos
Que não enxergam mais
Como antes