sexta-feira, 15 de outubro de 2010

AK47

Já era Páscoa e ele ainda não sabia que presente comprar
Nasceu em uma sociedade tão linda
Embarcou naquele navio quando ele estava prestes a naufragar
Junto com as perolas, se afundou em ruas escuras
Virou um naufrago que não sabia nadar
E em meio a toda loucura, carros e apartamentos
Uma saída ele precisava encontrar
Afinal, já era Páscoa e ele ainda não sabia que presente comprar
Quantos anos se passaram e ele sempre segurou na mão
A vontade absurda de virar pássaro e voar
Chamavam-no de louco e de maníaco
Mas o engraçado é que esqueciam de cuidar do próprio lar
Respirando um ar pesado, bebendo desnutrição
Não era assim que ele queria, não era assim que ele queria viver
Sentia estar de olhos vendados , estava ficando difícil enxergar
Como em um jogo de xadrez as peças estavam lutando
Como em um jogo de xadrez o rei só sabia se esconder
Quem é o seu rei? Quem é o meu rei? Ele tentava, mas que presente comprar?
Até que um dia, caminhando sob a nevoa fria, em um único olhar
Ele achou o que tanto queria, e agora ele já sabia, o que podia dar
Encontrou em uma loja vazia, deitado como alegoria, duas letras e dois números
Oh! que felicidade , agora podia dar ao mundo e a toda sociedade o que mais gostavam de fazer
Que presente sensacional, que idéia genial, que felicidade monumental que invadiu seu coração
Trazer para dentro de cada casa, o que se via na televisão
O que não se sentia na pele, nem com emoção
Um beijo daria para o palhaço, outro para o vereador
Mas guardaria um especial para o patrão
Limparia toda corja, os faria enxergar
Como é bonito ver as costelas de uma criança, onde se ve apenas esperança
De um dia poder sonhar
Luta contra toda a vadiagem, apaga do mundo o negro da canção
É hora dos abutres não serem mais alimentados
Com a carcaça de onde um dia batia um coração
AK47 não faça mais o mal
AK47 limpa o mundo da moléstia, limpa o suor do trabalhador
E ascende o sorriso de quem ainda faz esforço
Para transformar o mundo com amor.

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