segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Gás Mostarda

O Sol já não brilha mais para todos
No meio da fumaça amarela ele não consegue se infiltrar
As trincheiras abarrotadas de cadáveres
Ratos, piolhos e humanos dividem o mesmo lugar
Na linha de frente, vejo olhos azuis brilharem
Vermelhos de tanto chorar
A mãe espera em casa os dois filhos
Recebe duas medalhas e um grito de
'Não se preocupe, vamos triunfar'
Foi pelo bem da nação
Que ele foi assassinado
Uma baioneta no estomago, um tiro na cara e todo estripado
Acordou de manhã cedo
Vendo fogos de artifício
Respirou o ar impuro, cheiro de cadáver e de mostarda
Respirou o último suspiro
E nem se quer ar foi o que ganhou
Ganhou química européia
Ganhou sofrimento, angustia e liberdade
Acharam uma carta em seu bolso
Que dizia certas palavras
'Mamãe, mesmo que eu voltasse para casa
Não saberia mais o que fazer
Me acostumei a matar
Recarregar armas foi tudo que eu pude aprender'
A mãe desesperada pegou a medalha e plantou
No quintal todo dia ela cuidava e com amor a regou
Esperando continuamente que naquele chão
Não repousasse só um brasão
Mas que dalí o filho dela pudesse renascer.

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